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Editorial
Anderson Pinheiro
Como podemos saber se estamos indo pelo caminho certo ou mais agradável, quando se trata de estar entre o público e a produção artística? Como saber se os procedimentos aplicados hoje e sonhados ontem podem dar algum fruto dentro de alguns momentos? Será que realmente é de pequenino que se dobra o pepino? E depois?
Talvez essas questões não sejam resolvidas com apenas uma publicação. O caderno de textos Diálogos entre Arte e Público não pretende ser bula nem chavemestra através de seus colaboradores, nem pretende ser enfeite de estante. Ele pretende ser material de construção de idéias, de percepções de processos, de análise de práticas, de discussão de uma ação que está ativa no Brasil desde os anos 90 e que, desde então, passa por reformulações de conceitos, comportamentos e atitudes.
Não é à toa que profissionais de áreas tão distintas e, ao mesmo tempo, tão próximas foram convidados a colaborar com essa edição. Áreas como História, Comunicações, Antropologia, Música, Circo, Pedagogia, Teatro, Sociologia, Museologia e Arte/Educação dialogam suas experiências com a Mediação Cultural e nos fazem perceber como os discursos são complementares e estão conectados entre si no desejo de visualizar mudanças.
Afinal, a mediação cultural é uma atividade cada vez mais forte nas pesquisas de diversos profissionais, tanto que cerca de cinco textos são de jovens profissionais e pesquisadores filhos de museus, digamos assim. Locais em que trabalharam em média quatro a seis anos e hoje estão nas salas de aulas, ou em coordenações, ou em produções de galerias contemporâneas, ou em projetos educativos, artísticos, enfim, estão bastante ativos na pesquisa sobre a pessoa do mediador.
Sua formação pedagógica, sua relação com o outro, as relações que constroem com as obras e o público através dos discursos ou do uso de materiais lúdicos. E, muitas vezes, para esses profissionais, o modo de lidar com as áreas que assumiram depois de serem mediadores, educadores em museus, mudou também o modo de lidar com o diálogo entre a Arte e o Público.
A publicação conta, desde o início até o fim, com conexões entre os artigos, entrevistas e relatos de experiências, de modo a fornecer aos diversos profissionais que lidem com a mediação, seja em que campo for, estrutura para se questionar e questionar o outro.
E o olhar para fora está inserido no texto de uma das colaboradoras, que faz uma amostragem dos trabalhos educativos em museu de seu país. Pensar no profissional que atua nessa formação cultural do indivíduo é um ato constante e ativo, como puderam demonstrar os contatos internacionais que não fazem parte dessa publicação.
Assumir esse desafio de participar diretamente da coleta e organização de uma publicação que se tratasse de um diálogo que poderia existir entre a Arte (produto) e o Público (sujeito) deveria ser uma atitude extremamente ousada para um arte/educador. Mas foi uma experiência incrível.
Por cada material que recebi.
Por cada diálogo que foi mantido.
Por cada troca de experiências.
Por cada passo e por cada conselho.
Foi uma vivência que espero seja, também, transformada em experiência em cada um de vocês, leitores.
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