.20
Formação continuada dos(as) educadores(as) como espaço de diálogo com a arte
Cristiane Maria Gonçalves Soares;
Gisélia Maria Sátiro da Silva;
Jaísa Farias de Souza Freire;
Maria Auxiliadora de Almeida
Formação continuada dos(as) educadores(as) como espaço de diálogo com a arte
Cristiane Maria Gonçalves Soares;
Gisélia Maria Sátiro da Silva;
Jaísa Farias de Souza Freire;
Maria Auxiliadora de Almeida
A formação docente, nos últimos anos, vem sendo revisitada como um dos pontos centrais para o desenvolvimento de uma educação que responda às exigências impostas pelas novas relações estabelecidas nas sociedades.
A institucionalização da formação continuada dos profissionais da educação se constitui em aspecto conseqüente para a qualidade da educação pública, desde que a consideremos como espaço de acesso dos educadores à diversidade de conhecimentos que se produz no âmbito da sociedade e de permanente ressignificação das práticas pedagógicas.
Tratando-se do ensino da Arte, com a sua obrigatoriedade no currículo escolar da Educação Infantil ao Ensino Médio e o estabelecimento de conteúdos específicos como parte constitutiva dos currículos escolares, constante na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, torna-se mais evidente a necessidade de os docentes se apropriarem de competências na área da Arte, considerando-se que:
Essa necessidade foi explicitada pelos(as) professores(as) regentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental(i) da Rede Municipal de Ensino do Recife, durante consulta sobre os componentes curriculares que apresentavam maior dificuldade na prática pedagógica no cotidiano das escolas, realizada no ano de 2005, em que o ensino da Arte consta como terceiro componente curricular mais indicado e, conseqüentemente, como demanda emergente a ser tratada na formação continuada em rede.
A arte, além de ser expressão, é objeto de conhecimento, pois vem sendo construída historicamente pela humanidade nos seus diversos contextos e culturas. Essa afirmação nos coloca diante do conteúdo da arte, que é resultado das experiências de vida do homem, seus modos de sentir, ver, perceber, pensar e simbolizar tudo isso através da imagem, do som, do gesto, do movimento, da palavra. Portanto, ensinar arte significa aproximar os estudantes da produção histórica, social e cultural artística, garantindo-lhes a possibilidade de conhecer essa produção e, ao mesmo tempo, promover situações didáticas que os levem a imaginar e a construir propostas pessoais ou grupais com bases nos seus conhecimentos e intenções.
Considerando tais fundamentos, a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer da Prefeitura do Recife, na sua Proposta Pedagógica, concebe a Arte como construção histórica, social e cultural na qual o ler, o fazer e o contextualizar se constituem como ações básicas que devem ser articuladas no processo de ensino e aprendizagem em Arte(ii). Concebendo-a assim, é necessário inserir esse componente curricular nos programas de formação continuada, para que o(a) educador(a) possa exercitar suas capacidades cognitivas, perceptivas e imaginativas no contato com o conhecer e o fazer arte e possa construir propostas didáticas para os educandos.
Portanto, pensar o ensino da Arte num processo de formação continuada de professores(as) pressupõe pensar no seu objeto de estudo, que é a própria arte, como também em objetivos educacionais e caminhos metodológicos. A arte, por ser forma de expressão, constitui-se como linguagem e, de acordo com as diferentes possibilidades expressivas, possui signos específicos, quer dizer, possui uma gramática própria.
Nesse sentido, o desafio para o(a) professor(a) polivalente não é apenas o da apropriação das linguagens da arte, mas também, o de transformar os conhecimentos em práticas didático-pedagógicas que promovam seu acesso e o dos estudantes a uma real compreensão de diferentes expressões, patrimônios e manifestações da arte.
É bem verdade que o debate em torno do ensino da Arte tem sido dirigido ao papel do arte/educador, geralmente especialista em uma das linguagens da arte, e pouco se fala do professor polivalente que, mesmo não tendo a formação em arte, é responsável pelo currículo instituído. Essa realidade não deve ser apenas uma lacuna ou um limite imobilizador, mas um ponto de partida para criação de apoio pedagógico aos docentes via modelo de formação continuada que considere o interesse do docente dentro das linguagens que se lhe apresentam no campo da arte; a flexibilização das metodologias e do tempo dos cursos oferecidos; a parceria com as diversas instituições que produzem e/ou veiculam bens culturais e artísticos na cidade.
Partindo dessas idéias, a formação continuada vem acontecendo, desde 2006, através de mini-cursos e/ou oficinas nas linguagens artísticas escolhidas pelo professor e realizadas em diferentes espaços da cidade como museus, galerias, ateliês, centros de artes, entre outros, através de parcerias estabelecidas.
Contribuir para a construção de competências que favoreçam o desempenho dos professores e coordenadores/ pedagógicos de 1º e 2º Ciclos de Aprendizagem na organização da prática pedagógica em Arte, visando à ampliação da sua formação pessoal, docente e cultural, é o objetivo principal dessa formação continuada, assim pensada e realizada:
I – Oferta de um Curso de Introdução à Arte, ministrado pela equipe do Núcleo de Arte, oferecido aos duzentos e quarenta coordenadores pedagógicos, que atuaram como tutores no cotidiano das escolas, no período de maio a junho de 2006, e realizado na Escolinha de Arte do Recife. Esse curso pretendeu desencadear um processo de reflexão e ampliação do ensino da Arte com leitura e discussão de textos; apreciação de textos artísticos; contextualização histórico-cultural; criação e produção artística; transposição didática no cotidiano escolar e socialização de experiências vivenciadas na escola. A carga horária do curso foi de 16 horas, distribuídas em quatro módulos:
1) Conceito de arte e concepção de ensino da Arte;
2) Artes Visuais – Conceito, modalidades, signos, gêneros e tendências estéticas;
3) Teatro – Conceito, signos, jogo dramático, jogo teatral, aspectos históricos;
4) Música – Conceito, signos, paisagem sonora, experimentação sonora.
No cotidiano da escola, os coordenadores ofereceram, no mínimo, quatro encontros com duração de duas horas cada um, com atividades selecionadas a partir da compreensão e das discussões realizadas durante o curso e também utilizando os subsídios disponibilizados, como imagens (impressas e em CD) e textos.
II - Oficinas Interativas, oferecidas em julho de 2006, mobilizaram todos os professores do 1º e 2º Ciclos de Aprendizagem, distribuídos em oitenta e uma turmas de oficinas em diferentes linguagens artísticas. As oficinas tiveram como objetivo contribuir para que os educadores vivenciassem processos de criação e compreendessem o desenvolvimento do percurso criador dos educandos de 6 a 10 anos, como também subsidiá-los quanto às possibilidades de transposição didática. Nessa etapa da formação, houve parceria com diversas instituições culturais e educacionais e com profissionais das diversas linguagens da arte. A idéia da consulta prévia tem-se constituído como um exercício da instituição ao considerar o educador como sujeito de seu processo de aprendizagem na formação continuada. Com efeito, optando pela linguagem com que mais se identifica, haveria uma maior receptividade e aproveitamento das oficinas pelos docentes, bem como a possibilidade de socialização das diversas oficinas/linguagens nas escolas. Assim considerando, as oficinas foram constituídas da seguinte forma:
Artes Visuais: desenho, pintura e gravura, escultura, arte no computador, vídeo e fotografia;
Teatro: teatro humano e teatro de bonecos;
Música: produção de jogos musicais e produção vocal, corporal e instrumental;
Dança: consciência corporal e movimentos expressivos, e
Literatura: contação de histórias e poesia.
A avaliação das oficinas foi realizada pelos professores, na escola, de forma coletiva, com o objetivo de provocar o diálogo através da socialização e reflexão sobre a diversidade de vivências e acesso aos conteúdos da arte. Os dados apurados demonstraram, no conjunto das oficinas, uma pontuação positiva acima de 80% nos aspectos conteúdo, metodologia, contribuição para a prática docente e nível de participação dos presentes.
Nesse processo, observa-se uma mudança de postura dos docentes quanto ao trato com esse componente curricular, ao interesse pela leitura em arte e à busca de conhecimentos nas linguagens artísticas, proporcionando uma aproximação entre teoria e prática. Constatamos o desdobramento positivo do trabalho, a partir da consolidação, em 2007, do Núcleo de Arte na Gerência de 1º e 2º Ciclos de Aprendizagem, que tem, entre outros, a função e o objetivo de promover e desenvolver ações de apoio, orientação e formação continuada aos professores nas diferentes linguagens artísticas e estabelecer parcerias com instituições formadoras ou de veiculação da arte(iii) para encaminhamento de professores e alunos para cursos e visitações às exposições.
Tem sido notório o desejo de continuidade da formação a partir das inscrições desses profissionais, por adesão, em cursos de atualização oferecidos durante os anos de 2007 e 2008 pelo próprio Núcleo de Arte e pelas diversas instituições parceiras, bem como um aumento expressivo de projetos didáticos junto aos estudantes, envolvendo linguagens artísticas. Percebem-se, ainda, mudanças nas produções desenvolvidas pelos alunos, revelando suas expressões individuais além de conhecimentos construídos nos momentos de estudo em arte, o que nos leva a reconhecer a importância de se investir na formação continuada em Arte.
Esses momentos têm sido ricos, concretizando-se na própria idéia de diálogo com a arte e reafirmando o sentido da formação continuada na perspectiva do sujeito na sua condição de inconcluso e de eterno aprendiz, seja como estudante, seja como formador, levando-o a buscar novos e/ou diferentes caminhos de aprendizagem.
__________
Referências Bibliográficas
BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
_______. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2002.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais.2
.Arte:Ensino de primeira à quarta série.I.Título. Brasília: MEC/SEF, 1997.
RECIFE, Secretaria de Educação Esporte e Lazer. Proposta Pedagógica da Rede Municipal
de Ensino do Recife – Construindo competências, Recife, 2002.
i Professor que tem formação em Normal Médio ou Pedagogia, que atua no Ensino
Fundamental I (de 1ª a 4ª séries ou no 1º e 2º Ciclos), também chamado de polivalente.
ii A Proposta Triangular como abordagem norteadora para o ensino da Arte surge no
Brasil nos anos oitenta e noventa, tendo seus fundamentos sistematizados por Ana
Mae Barbosa.
iii Instituições parceiras: Escolinha de Arte do Recife; Projeto Arte na Escola /UFPE;
Fundação Joaquim Nabuco “Projeto Primeiro Olhar”; Centro de Formação em Artes
Visuais da Fundação de Cultura da Cidade do Recife; Museu Murillo La Greca; Instituto
Cultural Banco Real; Oficina Cerâmica Francisco Brennand; Instituto Lula Cardoso
Ayres; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães; Torre Malakoff; Museu do Homem
do Nordeste; Escola Municipal de Frevo; Museu de Arte Contemporânea de Olinda;
entre outros.
A institucionalização da formação continuada dos profissionais da educação se constitui em aspecto conseqüente para a qualidade da educação pública, desde que a consideremos como espaço de acesso dos educadores à diversidade de conhecimentos que se produz no âmbito da sociedade e de permanente ressignificação das práticas pedagógicas.
Tratando-se do ensino da Arte, com a sua obrigatoriedade no currículo escolar da Educação Infantil ao Ensino Médio e o estabelecimento de conteúdos específicos como parte constitutiva dos currículos escolares, constante na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, torna-se mais evidente a necessidade de os docentes se apropriarem de competências na área da Arte, considerando-se que:
Sem uma consciência clara da sua função e sem uma fundamentação consistente de arte como área de conhecimento com conteúdos específicos, os professores não conseguem formular um quadro de referências conceituais e metodológicas para alicerçar sua ação pedagógica (BRASIL, 1997: 32; 51)
Essa necessidade foi explicitada pelos(as) professores(as) regentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental(i) da Rede Municipal de Ensino do Recife, durante consulta sobre os componentes curriculares que apresentavam maior dificuldade na prática pedagógica no cotidiano das escolas, realizada no ano de 2005, em que o ensino da Arte consta como terceiro componente curricular mais indicado e, conseqüentemente, como demanda emergente a ser tratada na formação continuada em rede.
A arte, além de ser expressão, é objeto de conhecimento, pois vem sendo construída historicamente pela humanidade nos seus diversos contextos e culturas. Essa afirmação nos coloca diante do conteúdo da arte, que é resultado das experiências de vida do homem, seus modos de sentir, ver, perceber, pensar e simbolizar tudo isso através da imagem, do som, do gesto, do movimento, da palavra. Portanto, ensinar arte significa aproximar os estudantes da produção histórica, social e cultural artística, garantindo-lhes a possibilidade de conhecer essa produção e, ao mesmo tempo, promover situações didáticas que os levem a imaginar e a construir propostas pessoais ou grupais com bases nos seus conhecimentos e intenções.
Considerando tais fundamentos, a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer da Prefeitura do Recife, na sua Proposta Pedagógica, concebe a Arte como construção histórica, social e cultural na qual o ler, o fazer e o contextualizar se constituem como ações básicas que devem ser articuladas no processo de ensino e aprendizagem em Arte(ii). Concebendo-a assim, é necessário inserir esse componente curricular nos programas de formação continuada, para que o(a) educador(a) possa exercitar suas capacidades cognitivas, perceptivas e imaginativas no contato com o conhecer e o fazer arte e possa construir propostas didáticas para os educandos.
Portanto, pensar o ensino da Arte num processo de formação continuada de professores(as) pressupõe pensar no seu objeto de estudo, que é a própria arte, como também em objetivos educacionais e caminhos metodológicos. A arte, por ser forma de expressão, constitui-se como linguagem e, de acordo com as diferentes possibilidades expressivas, possui signos específicos, quer dizer, possui uma gramática própria.
Nesse sentido, o desafio para o(a) professor(a) polivalente não é apenas o da apropriação das linguagens da arte, mas também, o de transformar os conhecimentos em práticas didático-pedagógicas que promovam seu acesso e o dos estudantes a uma real compreensão de diferentes expressões, patrimônios e manifestações da arte.
É bem verdade que o debate em torno do ensino da Arte tem sido dirigido ao papel do arte/educador, geralmente especialista em uma das linguagens da arte, e pouco se fala do professor polivalente que, mesmo não tendo a formação em arte, é responsável pelo currículo instituído. Essa realidade não deve ser apenas uma lacuna ou um limite imobilizador, mas um ponto de partida para criação de apoio pedagógico aos docentes via modelo de formação continuada que considere o interesse do docente dentro das linguagens que se lhe apresentam no campo da arte; a flexibilização das metodologias e do tempo dos cursos oferecidos; a parceria com as diversas instituições que produzem e/ou veiculam bens culturais e artísticos na cidade.
Partindo dessas idéias, a formação continuada vem acontecendo, desde 2006, através de mini-cursos e/ou oficinas nas linguagens artísticas escolhidas pelo professor e realizadas em diferentes espaços da cidade como museus, galerias, ateliês, centros de artes, entre outros, através de parcerias estabelecidas.
Contribuir para a construção de competências que favoreçam o desempenho dos professores e coordenadores/ pedagógicos de 1º e 2º Ciclos de Aprendizagem na organização da prática pedagógica em Arte, visando à ampliação da sua formação pessoal, docente e cultural, é o objetivo principal dessa formação continuada, assim pensada e realizada:
I – Oferta de um Curso de Introdução à Arte, ministrado pela equipe do Núcleo de Arte, oferecido aos duzentos e quarenta coordenadores pedagógicos, que atuaram como tutores no cotidiano das escolas, no período de maio a junho de 2006, e realizado na Escolinha de Arte do Recife. Esse curso pretendeu desencadear um processo de reflexão e ampliação do ensino da Arte com leitura e discussão de textos; apreciação de textos artísticos; contextualização histórico-cultural; criação e produção artística; transposição didática no cotidiano escolar e socialização de experiências vivenciadas na escola. A carga horária do curso foi de 16 horas, distribuídas em quatro módulos:
1) Conceito de arte e concepção de ensino da Arte;
2) Artes Visuais – Conceito, modalidades, signos, gêneros e tendências estéticas;
3) Teatro – Conceito, signos, jogo dramático, jogo teatral, aspectos históricos;
4) Música – Conceito, signos, paisagem sonora, experimentação sonora.
No cotidiano da escola, os coordenadores ofereceram, no mínimo, quatro encontros com duração de duas horas cada um, com atividades selecionadas a partir da compreensão e das discussões realizadas durante o curso e também utilizando os subsídios disponibilizados, como imagens (impressas e em CD) e textos.
II - Oficinas Interativas, oferecidas em julho de 2006, mobilizaram todos os professores do 1º e 2º Ciclos de Aprendizagem, distribuídos em oitenta e uma turmas de oficinas em diferentes linguagens artísticas. As oficinas tiveram como objetivo contribuir para que os educadores vivenciassem processos de criação e compreendessem o desenvolvimento do percurso criador dos educandos de 6 a 10 anos, como também subsidiá-los quanto às possibilidades de transposição didática. Nessa etapa da formação, houve parceria com diversas instituições culturais e educacionais e com profissionais das diversas linguagens da arte. A idéia da consulta prévia tem-se constituído como um exercício da instituição ao considerar o educador como sujeito de seu processo de aprendizagem na formação continuada. Com efeito, optando pela linguagem com que mais se identifica, haveria uma maior receptividade e aproveitamento das oficinas pelos docentes, bem como a possibilidade de socialização das diversas oficinas/linguagens nas escolas. Assim considerando, as oficinas foram constituídas da seguinte forma:
Artes Visuais: desenho, pintura e gravura, escultura, arte no computador, vídeo e fotografia;
Teatro: teatro humano e teatro de bonecos;
Música: produção de jogos musicais e produção vocal, corporal e instrumental;
Dança: consciência corporal e movimentos expressivos, e
Literatura: contação de histórias e poesia.
A avaliação das oficinas foi realizada pelos professores, na escola, de forma coletiva, com o objetivo de provocar o diálogo através da socialização e reflexão sobre a diversidade de vivências e acesso aos conteúdos da arte. Os dados apurados demonstraram, no conjunto das oficinas, uma pontuação positiva acima de 80% nos aspectos conteúdo, metodologia, contribuição para a prática docente e nível de participação dos presentes.
Nesse processo, observa-se uma mudança de postura dos docentes quanto ao trato com esse componente curricular, ao interesse pela leitura em arte e à busca de conhecimentos nas linguagens artísticas, proporcionando uma aproximação entre teoria e prática. Constatamos o desdobramento positivo do trabalho, a partir da consolidação, em 2007, do Núcleo de Arte na Gerência de 1º e 2º Ciclos de Aprendizagem, que tem, entre outros, a função e o objetivo de promover e desenvolver ações de apoio, orientação e formação continuada aos professores nas diferentes linguagens artísticas e estabelecer parcerias com instituições formadoras ou de veiculação da arte(iii) para encaminhamento de professores e alunos para cursos e visitações às exposições.
Tem sido notório o desejo de continuidade da formação a partir das inscrições desses profissionais, por adesão, em cursos de atualização oferecidos durante os anos de 2007 e 2008 pelo próprio Núcleo de Arte e pelas diversas instituições parceiras, bem como um aumento expressivo de projetos didáticos junto aos estudantes, envolvendo linguagens artísticas. Percebem-se, ainda, mudanças nas produções desenvolvidas pelos alunos, revelando suas expressões individuais além de conhecimentos construídos nos momentos de estudo em arte, o que nos leva a reconhecer a importância de se investir na formação continuada em Arte.
Esses momentos têm sido ricos, concretizando-se na própria idéia de diálogo com a arte e reafirmando o sentido da formação continuada na perspectiva do sujeito na sua condição de inconcluso e de eterno aprendiz, seja como estudante, seja como formador, levando-o a buscar novos e/ou diferentes caminhos de aprendizagem.
__________
Referências Bibliográficas
BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
_______. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2002.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais.2
.Arte:Ensino de primeira à quarta série.I.Título. Brasília: MEC/SEF, 1997.
RECIFE, Secretaria de Educação Esporte e Lazer. Proposta Pedagógica da Rede Municipal
de Ensino do Recife – Construindo competências, Recife, 2002.
i Professor que tem formação em Normal Médio ou Pedagogia, que atua no Ensino
Fundamental I (de 1ª a 4ª séries ou no 1º e 2º Ciclos), também chamado de polivalente.
ii A Proposta Triangular como abordagem norteadora para o ensino da Arte surge no
Brasil nos anos oitenta e noventa, tendo seus fundamentos sistematizados por Ana
Mae Barbosa.
iii Instituições parceiras: Escolinha de Arte do Recife; Projeto Arte na Escola /UFPE;
Fundação Joaquim Nabuco “Projeto Primeiro Olhar”; Centro de Formação em Artes
Visuais da Fundação de Cultura da Cidade do Recife; Museu Murillo La Greca; Instituto
Cultural Banco Real; Oficina Cerâmica Francisco Brennand; Instituto Lula Cardoso
Ayres; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães; Torre Malakoff; Museu do Homem
do Nordeste; Escola Municipal de Frevo; Museu de Arte Contemporânea de Olinda;
entre outros.