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[Relatos de experiência]
Arte&Cidadania: O Movimento Pró-Criança e o Caleidoscópio possível
Ana Patrícia Santos
Viviane da Fonte Neves
(participação especial de Camila Nogueira)
O Movimento Pró-criança existe desde 27 de julho de 1993. Este ano será marcante para todos que fizeram e fazem parte dessa instituição: ela completará 15 anos. O MPC, como é conhecido, iniciou suas atividades com cursos profissionalizantes ligados aos jovens, atuando diretamente na comunidade. Nessa época, não se imaginava ser a Arte o foco principal do seu trabalho.
O espaço físico foi cedido pela Arquidiocese de Olinda e Recife, uma parte de um antigo prédio localizado no bairro dos Coelhos, onde funciona a sua sede até hoje. Alguns profissionais sensibilizaram-se com a quantidade de criança que circulavam pela comunidade e decidiram iniciar atividades sócioeducativas envolvendo oficinas de arte. Segundo Viviane: "no início a proposta metodológica estava em construção, e cada educador tinha sua proposta, porém o objetivo era único: transformar as crianças através da arte".
Os educadores trabalhavam vários conteúdos de artes, realizando atividades externas com visitas aos museus e espaços culturais da cidade. Muitos educandos não saiam da comunidade e, a partir das aulas, tiveram essa oportunidade. O principal tema abordado era a valorização do patrimônio histórico e cultural da cidade. No final de cada oficina, havia uma seleção de desenhos que eram impressos em camisetas para serem vendidas em quiosques situados em shoppings da cidade. O objetivo era a divulgação do trabalho, a sensibilização e a aquisição de novos parceiros. Além disso, valorizava e estimulava o processo de criação das crianças, que se sentiam realizadas ao verem as suas produções.
Em 1999, o MPC recebeu um Projeto chamado "Faço Arte com Quem Sabe". As propostas eram inovadoras e contribuíram de forma intensa no processo de criação e fazer artístico. As turmas receberam artistas plásticos, que trouxeram novas técnicas e vivências relativas às suas próprias experiências. Em 2002, surgiu outro Projeto, que foi selecionado a partir de um concurso proposto pelo Instituto Ayrton Senna, chamado "A Terra do Coração Branco". A sua principal contribuição foi o fortalecimento da proposta metodológica a partir de uma formação continuada ligada ao programa de Educação para o desenvolvimento humano através da Arte.
Hoje, o MPC tem a Arte como foco principal em suas atividades e vem construindo, junto aos profissionais de diversas áreas, uma proposta interdisciplinar, trabalhando a pedagogia de Projetos e o multiculturalismo; visando à transformação e ao desenvolvimento dos potenciais dos educandos através das oportunidades educativas oferecidas e dos componentes formativos: artes visuais, capoeira, ritmos e movimentos, teatro e leiturização. A comunidade ainda é o tema principal das aulas, os arte/educadores, psicólogas e assistentes sociais fazem um trabalho conjunto ligado às famílias, às escolas e, principalmente, à comunidade.
Anualmente, acontece o Festival Agosto das Artes, que tem como principal objetivo realizar apresentações artísticas de cada componente formativo e divulgar o trabalho para a sociedade. O último, que ocorreu no ano passado (2007), foi considerado um dos melhores - Caleidoscópio, a brincadeira do impossível. O Teatro Santa Isabel transformou-se num grande caleidoscópio, em que cada criança fazia parte de um fragmento. Cenário, figurinos, danças, músicas, textos, tudo construído por todas as linguagens, cada uma abordando a sua maneira, sem perder a idéia de união e demonstrando a todos o valor da arte em sua vida.
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